21 de novembro de 2024

A MARÉ ESTÁ PRA PEIXE

O mercado de peixe teve uma mudança muito grande nesse ano que passou (2020), comentou Luiz Acorci Filho, diretor do GRUPO ACORCI: um dos fatores principais foi a subida de preços das commodities que são as principais matérias primas da ração, pra você ter uma ideia, para a tilápia que se pagava R$ 4,50 no quilo, hoje ela está  R$ 7,50 o quilo, para o pintado que se pagava R$ 7,00, hoje está R$ 12,00, isso em menos de seis meses teve  essa mudança, subiu muito, pelo lado do produtor é bom porque ele vai vender mais caro o peixe e assim ele consegue recuperar um déficit de preços defasados, conseguiu atualizar agora, para o produtor foi bom, mas, para o consumidor final até quando ele vai aguentar pagar esse preço que aí está.

O filé de pintado está chegando às gôndolas dos supermercados a R$50,00, sendo que nós temos salmon a R$ 50,00, e aí ele vai comprar de quem? É uma balança que precisa estar no equilíbrio. Temos que olhar para o produtor com certeza, mas sem esquecer que alguém terá que pagar essa conta no final. O mercado de peixe está com consumo grande, aumentou muito, para o pessoal da piscicultura e para nosso grupo está legal, estamos vendendo mais e com preço maior. Estamos de vento em popa, a nossa preocupação é até quando isso vai se manter.

O preço do peixe subiu porque a safra de milho teve uma alta recorde na época da safra, nem foi na entressafra, então o peixe só come ração, as principais matérias primas para fazer ração dobraram de preço por isso a ração subiu demais. Mas não foi só o peixe que subiu, a carne de boi, a carne de porco, o frango também, o arroz que era $12,00 hoje está $25,00. Tudo por causa da mudança de mercado que houve nesse último ano.

O pintado sumiu da mesa do sul-mato-grossense. Motivo: não se produz muito peixe no Estado, produz muita tilápia em um só lugar e de uma empresa só, é uma bolha dentro do Estado, quando olham os números, comentam; Mato Grosso do Sul é o maior exportador de peixe do Brasil e um dos maiores do mundo, mas é só uma empresa que produz tudo isso, o resto do Estado não se produz muito peixe. Os peixes, principalmente os nativos, pintado e pacu vem de outros estados como Mato Grosso e Rondônia. Se você pegar uma embalagem no supermercado verá endereço de Ariquemis, Rondônia.

Aqui não se produz. O peixe tem isenção em Mato Grosso, não importa se é alevino, se é gordo para frigorífico, se é de frigorífico para fora, não importa. A ração tem outro incentivo. Então isso começa a atrair as indústrias. É assim, para quem vou vender meu peixe, uma coisa vai puxando a outra, ninguém vai se estabelecer no estado sabendo que não tem produção, o produtor não vai vender sabendo que tem um concorrente vizinho que vende mais barato. É um problema estrutural, mas aos poucos estamos evoluindo, já existem algumas indústrias, nós temos a nossa estamos encarando tentando fazer do nosso limão uma limonada.

Deveria ter mais incentivo por parte do governo, o estado poderia ajudar como em outros estados, ajudam com mais incentivos do que nós aqui. Fazemos parte da Câmara setorial que é junto com a secretaria, isso há muito tempo com muitas reuniões, mas até agora nada se concretizou. Estrutura o Estado tem, o que falta é mesmo um olhar para a piscicultura e acreditar que é um negócio vantajoso para o governo, eu imagino que até agora não se tem essa visão, tem outras culturas que chamam mais atenção nesse momento, pecuária, suinocultura, agricultura, o estado continua fazendo o que está dando certo para eles e não para nós, quer dizer; está dando certo mas poderia estar melhor.

O que se pode fazer pra melhorar o preço do peixe é aumentar os cortes como foi feito com o frango, antigamente só tinha cocha peito e asa, hoje existe uma infinidade de cortes do frango e estes cortes pagam os custos dos cortes mais caros, hoje no peixe só encontra posta, filé e costelinha, mas desenvolvemos dezenove cortes, onde eram jogados fora, nem chamo de sub produto, são  produtos que são utilizados que podem ajudar a pagar a conta desse filé que é mais caro, por exemplo; asinha de pintado, torresmo de pacu, carpaccio de pacu, são coisas novas que estão vindo como aconteceu com o frango vai acontecer com o peixe, tem que ratear essa conta que é jogada em cima do filé, isso paga o produtor a ração e os alevinos.

Em relação a frigoríficos é o seguinte; estamos numa encruzilhada, quem terá a coragem de começar; o produtor vai começar a produzir e ver depois se o frigorifico vem, ou se o frigorifico vai começar a se estruturar e esperar que o produtor se anime a produzir. A demanda é pouca para atender os cinco frigoríficos existentes no estado, mas a hora que começar a produção vai faltar frigorifico. Tem um frigorifico de Três Lagoas que deverá operar a partir de fevereiro ou março, que é especializado em peixes nativos, com capacidade de umas cinco toneladas dia, com serviço de inspeção estadual que vai dar uma desafogada nessa pergunta que todo produtor faz; para quem vender?

Vejo a piscicultura no estado um momento como nunca teve, o preço bom, a margem muito maior do que anos atrás, a procura está muito grande, é uma atividade muito animadora, só não podemos extrapolar um ponto que poderá virar contra a gente. Temos que a partir de agora não deixar cair, mas também não deixar subir mais que isso porque aí conta não fecha, estamos num momento em que a gente nunca viveu, precisamos aproveitar essa maré, a demanda de peixe está muito grande e o preço está muito interessante, então o momento é agora. Em plena pandemia a nossa empresa aumentou em 40%.

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