DEMOCRACIA – A CIÊNCIA NO INSTINTO DA VIDA!
Para cristãos, não-cristãos e ateus o dom mais precioso da existência é ou deveria ser o da liberdade.
Na fé cristã, Deus concedeu ao Homem o arbítrio – ou seja, uma decisão pessoal a partir do momento em que a pessoa deixa as etapas iniciais da vida e começa a ter suas preferências. No início, na infância, as escolhas são as mais simples: doces, brinquedos, roupas e alimentos, por exemplo.
À medida que os indivíduos vão crescendo e adquirindo conhecimentos, o leque de situações e de desejos se amplia. Aos doces, brinquedos e roupas se juntam vaidades e necessidades diversas: time de futebol, partido político, profissão e religião, entre outras.
Geralmente, nos métodos tradicionais e conservadores de educação, a capacidade intelectual e instintiva de escolher é impactada pela pressão e pela influência de papais e mamães que, por excesso de zelo, as querem ver reproduzidas de si mesmos.
Assim, a profissão de muita gente é definida não por sua autonomia na hora de escolher, mas pelo “empurrãozinho” do papai ou da mamãe. Exemplo clássico é aquele em que o papai e a mamãe levam seus bebês para batizar na igreja que frequentam ou vestem neles os uniformes dos times de sua predileção. Não esperam a criança chegar à “idade da razão” para fazer as escolhas por sua própria conta, seguindo seus próprios instintos e exercendo a sua liberdade de pensamento.
Não por acaso, a rebeldia de muitos jovens se dá por conta desta ação que, mesmo com boas intenções, é invasiva, embora em muitos e incontáveis casos tenha funcionado a gosto dos seus protagonistas. Anda assim, educar não é tarefa simples. Contudo, desde cedo é essencial que a educação seja instrutiva e estimule nas crianças a capacidade de olhar o mundo e a vida com os olhos da realidade, sem perder o direito de sonhar.
O que é preciso atentar é que ao longo da vida, por mais conhecimentos e por maior a autonomia que se adquira para usar a inteligência na hora de fazer as escolhas, as pessoas não deixam de ter dentro de si e mantêm intacto o seu instinto, aqueles reflexos naturais, espontâneos e ativos que nasceram com elas antes que começassem a distinguir cores, a falar, a andar e a pedir.
O instinto é a capacidade que os humanos têm para reações como as de chorar e sorrir, expressar ou receber o gozo e a dor – e até para se antecipar a situações de perigo. E o instinto opera também na busca de caminhos, de soluções e de respostas para as diferentes necessidades e objetivos humanos.
Se a inteligência pensa e o instinto age, então as escolhas deveriam seguir essa combinação de sentimentos e capacidades para operar nas decisões. Para isso, todo ser humano precisa de um dom, um direito, uma condição única, insubstituível: ser livre. E a liberdade só se estabelece quando um País ou uma civilização se guia pelo único regime capaz de assegurá-la e sustentá-la: a democracia.
Só na democracia as pessoas exercem plenamente seus direitos, tanto individuais como coletivos. Desde os direitos à educação, à saúde e ao transporte até os direitos de segurança, de ser protegido de agressões, de pensar, de falar, de fazer as opções políticas, religiosas e clubísticas de maneira livre e sustentada por leis.
Exercer tais direitos também implica estar submetido aos respectivos deveres. Isto significa assumir e arcar as consequências dos atos e fatos que produzir quando acontecer de utilizar um direito democrático à livre expressão para ofender a honra alheia ou então incentivar o ódio, o preconceito e outras formas de agressão à convivência humana.
A democracia é isso: uma situação que permite, capacita e fortalece qualquer ser humano a usar sua inteligência e seu instinto como instrumentos de sustentação de uma vida livre e segura.