E se a Capitã Carter fosse a primeira Vingadora? Análise da estreia de What If…?
A Capitã Carter chegou com tudo abrindo as portas para o multiverso de What If…? no primeiro episódio da série. Muita gente aprovou de cara a personagem e o Esmagador Hidra de Steve Rogers, mas o episódio é mesmo bom? Continue a leitura para conferir isso e muito mais!
O primeiro episódio de What If…? foi lançado e já chegou com uma difícil missão, que é encaixar dentro de 30 minutos uma nova visão para o primeiro filme do Capitão América, fazer referências ao Universo Cinematográfico Marvel (UCM), estabelecer a Capitã Carter e ainda tratar de temas importantes como a luta contra o machismo.
Além disso, houve algumas mudanças na história do primeiro Capitão América que vão muito além da Agente Carter tomar o soro do supersoldado. E isso tira um pouco do sentido da série, você já vai entender o por quê! Fora isso, o primeiro episódio de What If…? trouxe muita coisa interessante.
Entre elas, as explicações de como funciona a realidade e como o multiverso pode ser infinito por conta de um único momento que aconteceu diferente na história de alguém.
Uatu, O Vigia – interpretado por Jeffrey Wright – explica, de forma simples, esse conceito do multiverso sem viajar muito e está tranquilo, já que a série do Loki deixou claro como surgiu e como funciona o Multiverso, então não é necessário ficar repetindo.
Tomara que continuem apresentando o multiverso sem confundir a cabeça do público que não é muito chegado nas HQs ou em histórias com viagem no tempo e multiversos.
E esse é o papel do Vigia como narrador, entregar a história em outro universo sem dar muitas explicações: “Aconteceu assim porque aqui foi diferente” e pronto.
Mas isso não dá permissão para ignorar alguns detalhes que fazem toda diferença, como o gesto que mudou a vida da Peggy Carter pelo simples fato de ela querer ficar na sala quando o Dr. Erskine pediu para ela sair.
A decisão que mudou tudo
Isso claramente foi uma posição firme diante do machismo da época em que a história se passa e uma maneira legal de transformar a Agente Carter em Capitã Carter, mas tem um problema aqui. O motivo?
No filme original, o Dr. Erskine não deixou ninguém na sala além do pessoal que estava ali pra trabalhar e fazer tudo acontecer.
O Coronel Chester Phillips, interpretado por Tommy Lee Jones, e vários outros militares, políticos, imprensa e investidores ficaram observando de um lugar seguro no filme.
Já em What If…?, estão todos na sala sem medo nenhum de que a experiência desse errado e algo ruim pudesse acontecer. Esse pequeno gesto, que fez a Agente Carter se tornar a Capitã Carter, não faz muito sentido como o momento definitivo que mudou a vida dela e da história daquele universo.
A cena inteira já estava diferente do que acontece em Capitão América: O Primeiro Vingador. A ausência do Coronel Chester Phillips, a presença de John Flynn ou até mesmo o atentado do Heinz Kruger acontecendo antes do Capitão América sair do tanque são detalhes que fazem toda a diferença.
John Flynn, por exemplo, é da série da Agente Carter e, talvez por ele ser um babaca machista, o trouxeram para fazer uma ponta em What if…?
Como o cenário inteiro era diferente, isso já deixava aquele universo sem o Capitão América já que o Steve foi baleado antes de entrar no tanque.
O fato de ela ter se tornado a Capitã Carter aconteceu por causa da coragem dela, mas se o cenário fosse o mesmo do primeiro filme do Capitão América, o pedido do Dr. Erskine seria apenas um aviso de segurança, como foi para todos os outros – independentemente se eram homens ou mulheres.
Peggy Carter sempre lutou para conseguir o lugar dela diante de tantos homens e no primeiro filme do Capitão América esse tema não foi muito explorado.
Mas nessa tentativa de colocar a luta da Peggy Carter para tentar crescer em meio a uma sociedade machista, acabaram forçando situações que colocam em risco a própria ideia central do episódio.
Enfim, esta é mais uma crítica pela forma como foi feito e não pela ideia em si, já que existiram momentos bem melhores durante o episódio que conseguem passar a mensagem – como quando ela confronta John Flynn.
Pontos altos, referências e novo futuro em What If…?
No geral, a personagem foi muito bem trabalhada no pouco tempo que o episódio dispunha. A Capitã Carter desse episódio é melhor do que a do primeiro filme do Capitão América. As batalhas e acrobacias que ela faz enquanto joga um carro para cima ou salta de avião em avião são incríveis.
Não se pode comparar a animação, já que o primeiro filme do Capitão América não tinha as mãos dos Irmãos Russo, mas seria muito legal ver uma cena dessas no cinema.
Quem é que não iria querer ver uma armadura feita pelo Howard Stark, pilotada por Steve Rogers e abastecida com o Tesseract? Esse conceito de armadura ficou sensacional. Ainda mais que, nesse universo, as armaduras do Homem de Ferro surgiram bem antes de Tony nascer.
Mas o episódio não traz apenas possibilidades novas para o futuro, tem muita referência ao primeiro filme do Capitão América, como, por exemplo, o resgate do Comando Selvagem e o Dum Dum Dugan ou a cena do trem quando o Bucky quase cai e ainda diz que a Capitã Carter quase arrancou o braço dele.
Outra referência interessante é o futuro em que a Capitã Carter vai parar depois de empurrar o monstro parecido com o Shuma-Gorath pelo portal. Aquela cena é o começo do primeiro filme dos Vingadores com Nick Fury e o Gavião Arqueiro fazendo testes com o Tesseract.
Basicamente, é a cena na qual Loki deveria aparecer e dar início aos Vingadores, mas agora com a Capitã Carter saindo do portal muita coisa vai mudar!
O Caveira Vermelha não existe mais em Vormir, já que ele não foi teleportado pelo Tesseract. Bucky como Soldado Invernal também não, porque ele não caiu do trem como no filme do Capitão América. E Tony Stark pode não ser o Homem de Ferro nesse universo.
São tantas possibilidades, como Steve Rogers e Howard Stark terem criado a S.H.I.E.L.D. e o próprio Tony ter conhecido Steve ainda criança. Sem contar que, talvez naquele futuro, Nick Fury também seja da Hydra.
What If…? é como uma forma de contar as mesmas histórias com um novo ponto de vista, sem alterar o cânone das histórias da Marvel nas HQs. Agora, a série vai pelo mesmo caminho, só que com uma promessa de que ela pode trazer novos elementos para o UCM no futuro – e não ser só uma história fora do cânone.
Revista Cifras